Cientistas buscam nova droga contra o mal de Chagas

Grupo da Universidade Federal de Pernambuco sintetizou 4 substâncias inibidoras do Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença. Os compostos não são tóxicos para células de mamíferos

Da Redação

Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) sintetizaram quatro substâncias inibidoras do Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença de Chagas. Os compostos, segundo o estudo, não são tóxicos para células de mamíferos. Os resultados abrem perspectivas para o tratamento da tripanossomíase. É que a droga atualmente administrada aos pacientes da parasitose é eficiente apenas na fase aguda.

O objetivo dos cientistas, ligados ao Departamento de Ciências Farmacêuticas, é conseguir substâncias anti-chagásicas que funcionem tanto na fase aguda da doença quanto na crônica e com efeitos colaterais mais brandos. Para a coordenadora do estudo, Ana Cristina Lima Leite, os quatro compostos caminham nesse sentido. “As moléculas mostraram capacidade de inibir o parasito sem apresentar toxicidade elevada para células de mamíferos quando comparado ao benzonidazol”, afirma a farmacêutica.

O bezonidazol é o único fármaco disponível para o tratamento da doença de Chagas. “Tem excelentes taxas de cura na fase inicial da doença, sendo eficiente em crianças e na infecção congênita (transmitida da mãe para o filho)”, afirma Diogo Magalhães Moreira, que testou os compostos durante pesquisa para conclusão do mestrado em Ciências Farmacêuticas da UFPE, concluída este ano. “Mas os efeitos colaterais podem resultar na interrupção do tratamento”.

O farmacêutico lembra que, devido ao difícil diagnóstico da doença, a maior parte dos pacientes é conduzida à fase crônica. “Nesse estágio, a doença de Chagas não tem cura e pode levar à morte na maioria dos casos. Daí a importância do desenvolvimento de novos medicamentos”, diz. A fórmula do benzonidazol é estudada, desde 2001, pelo Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe).

As novas moléculas, acreditam os pesquisadores da UFPE, agem através da inibição da enzima cruzaína. A enzima, presente no Trypanosoma cruzi, é essencial para a sobrevivência do protozoário. A inibição chegou a 100%, segundo Diogo Moreira. “Demonstramos que essa classe de compostos possui ação contra mais de uma forma do parasito. Também foi capaz de inibir cepas do Trypanosoma cruzi que possuem certa resistência ao benzonidazol.”

A resistência do protozoário à droga tem origem na reinfecção dos pacientes. É que a reinfecção contribui para o surgimento de cepas resistentes. Outra desvantagem do benzonidazol, segundo Diogo Moreira, é contar com apenas uma formulação farmacêutica, que são comprimidos com 100 miligramas. “Isso diminui a eficácia do tratamento para crianças, que têm como dose recomendada 25 miligramas por dia. E também para idosos, que em alguns casos têm dificuldade de deglutir o comprimido.

Matéria publicada no Jornal do Commercio – PE em 08/04/2008

HIV se ‘esconde’ no organismo por pelo menos sete anos, diz estudo

Mesmo após uso contínuo de coquetel de drogas, vírus subsiste em níveis baixíssimos.
Cientistas suspeitam que o patógeno esteja se refugiando em células de vida muito longa.

Por Reinaldo José Lopes Do G1, em São Paulo

Reprodução

Imagem de microscópio mostra vírus HIV no plasma
do sangue (Foto: Reprodução)

O acompanhamento de pessoas que tomam há mais de sete anos o coquetel de drogas contra o HIV acaba de demonstrar como esse inimigo da humanidade é duro na queda. Usando técnicas sofisticadas para detectar níveis mínimos do vírus da Aids, cientistas americanos mostraram que ele nunca desaparece totalmente do organismo. Embora sua presença caia para quantidades baixíssimas, erradicá-lo completamente continua sendo impossível.

A equipe capitaneada por Sarah Palmer, dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, descreve as preocupantes descobertas na edição desta semana da revista científica americana “PNAS”. Para os pesquisadores, tudo indica que o HIV está se “escondendo” no interior de células de longa vida. Essas células seriam uma fonte viral constante e de baixa intensidade, de forma que, se por algum motivo o paciente relaxar a guarda, seria fácil para o vírus da Aids voltar à ativa.

Palmer e seus colegas utilizaram técnicas que vão além da sensibilidade dos testes de Aids mais comuns. Enquanto o normal é que o vírus pareça “indetectável” quando sua presença cai abaixo de 50 partículas virais (as “cópias” do vírus) por mililitro de sangue, os pesquisadores usaram um teste que “pesca” até a quantidade ínfima de menos de uma cópia de vírus por mililitro. Outra novidade do estudo é o tempo de acompanhamento dos 40 pacientes, que chegou a sete anos de amostragem constante.

Fases da infecção
O principal achado da equipe foi a observação de que o HIV não perde a força no organismo de forma linear. Enquanto nas primeiras semanas de tratamento com o coquetel contra a Aids a contagem de vírus pode cair de 83 mil por mililitro de sangue para apenas 50 partículas virais por mililitro, eram necessários vários meses para a nova diminuição (para cerca de 10 cópias virais).

Depois disso, praticamente não havia mudanças, independentemente do tempo de tratamento. Cerca de 80% dos pacientes continuava com pelo menos uma cópia do vírus por mililitro de sangue, mesmo após tomar o coquetel durante sete anos.
O que explicaria essa queda em degraus na quantidade de vírus? Para os cientistas, o mais provável é que cada fase esteja associada a um compartimento diferente de células que o HIV infecta. Enquanto a maioria delas é de vida curta e acaba morrendo, algumas poucas continuam a produzir novas partículas virais quando se dividem. Um indício desse fato é que, nos infectados de longo prazo, a maior parte do HIV encontrado é o clone de um único vírus que conseguiu sobreviver aos medicamentos.

Agora, os pesquisadores querem identificar essa subpopulação “imortal” de células para tentar, de alguma forma, erradicar os últimos vestígios do HIV. Do contrário, “é improvável que a erradicação aconteça durante o tempo de vida de um paciente usando-se apenas drogas antivirais”, escrevem eles.

Matéria publicada no site globo.com, no dia 11 de março de 2008.

Gel anti-Aids será testado em tecidos humanos

Da Agência Estado
Em São Paulo
O desenvolvimento de um microbicida nacional contra o vírus da Aids, o HIV, desenvolvido a partir de uma alga marinha, avançou mais uma etapa. A substância começará a ser testada em tecidos humanos. A patologista Patrícia Ocampo está na Saint George”s Medical School, em Londres, onde aprende a técnica para testar o produto em fragmentos de tecido do colo do útero, extraídos durante cirurgias.

A idéia é trazer a tecnologia para o país para agilizar a pesquisa, desenvolvida há cinco anos numa parceria do Instituto Oswaldo Cruz, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Fundação Ataulpho de Paiva (FAP) e do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids do Ministério da Saúde.

A proposta dos pesquisadores é que a mulher utilize o microbicida, em forma de gel, creme ou espuma, antes da relação sexual e, assim, bloqueie a contaminação pelo HIV. Mas, para saber se a substância cumpre essa função, é preciso testá-la antes em tecido humano.

Técnica

A técnica que está sendo aprendida em Londres permite que o tecido seja retirado quando a mulher é submetida a uma pequena cirurgia, por conta de alguma alteração no colo do útero. Os pesquisadores passam, então, a infectar o tecido e utilizam o microbicida para bloquear a infecção.

Se os testes derem o resultado esperado, tanto em Londres quanto no Rio, o microbicida começará a ser testado em seres humanos em 2009. A previsão é que o produto possa ser comercializado a partir de 2013. A alga estudada é encontrada em alguns pontos da costa brasileira e pertence a uma família com ação antiviral. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Publicado no site Uol

Vacina para aids volta a ser testada no Estado

Depois de três anos de paralisação e de muita burocracia, os testes com a vacina terapêutica contra a aids, coordenados pelo médico e pesquisador pernambucano Luiz Cláudio Arraes, vão ser retomados no próximo mês. A partir do dia 20, começa o recrutamento das pessoas que serão submetidas à vacinação na segunda etapa da pesquisa, que deve durar até dois anos. O grupo vai contar com 35 portadores do HIV que não estejam tomando medicamentos e apresentem carga viral acima de um padrão estabelecido.

A retomada do projeto deve-se à aprovação de aproximadamente R$ 3 milhões de um edital da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e Ministério da Saúde. As pessoas interessadas em participar dos testes com a vacina devem ligar para o pesquisador de campo Mozart Mendes por meio do telefone 99892868.

Também podem entrar em contato com Aletéia Soares pelo telefone 21012564. Os pacientes que participaram da primeira etapa da pesquisa não vão se submeter a essa nova vacinação. Luiz Cláudio Arraes acredita que, até junho, o grupo deve começar a receber a vacina.

Nessa segunda etapa, a dose é mais forte e o monitoramento bem mais rigoroso. Os estudos terão a colaboração de equipes da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e apoio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e vão contar com um time de 24 pesquisadores.

Na primeira fase do estudo, desenvolvida por pesquisadores pernambucanos e franceses, os resultados foram bastante animadores. Artigo publicado na revista científica britânica Nature Medicine, uma das publicações mais importantes do mundo, assinado por Arraes e outros três pesquisadores, Jean Marie Andrieu, Wei Lu e Wylla Tatiana Ferreira, revela que, em alguns casos, a vacina conseguiu reduzir em até 80% a carga viral dos portadores do HIV.

Os testes foram iniciados em 2004, no Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika-UFPE). A vacina utiliza o HIV-1 isolado do próprio paciente. O vírus é associado a células que permitem ao sistema imunológico, responsável pela defesa do organismo, reconhecê-lo e combatê-lo rapidamente.

Os experimentos foram feitos com 18 pacientes HIV-positivos, sendo 16 mulheres, entre 18 e 36 anos, e dois homens, um de 27 e outro de 41, todos de Pernambuco. Em oito deles, em quase dois anos, o vírus não foi mais detectado. A vacina ajuda o sistema imune a se organizar e dirigir suas baterias contra o alvo. O vírus, desativado, é associado a células que permitem o reconhecimento e o combate pelas defesas do organismo.

Um dado importante, ressalta Arraes, é que, na verificação de toxicidade, a vacina não criou nenhuma resistência viral. O médico explica que a pesquisa será realizada no Laboratório de Virologia e Terapia Experimental do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade da Fundação Oswaldo Cruz, no Recife. “O laboratório está todo equipado.”

Ao contrário da primeira etapa, agora não há participação de pesquisadores franceses. Luiz Cláudio Arraes assegura que não será necessário comprar novos equipamentos. O projeto enfrentou vários problemas e atrasos em virtude de os aparelhos terem ficado presos na alfândega. “Agora, todos os materiais e reagentes serão comprados no Brasil para evitar problemas com a alfândega”, declara o pesquisador.

De acordo com Arraes, a estimativa para o produto chegar ao mercado e ser comercializado é de 15 anos, no mínimo. A terceira etapa do projeto, ainda sem data para começar, será bem mais ampla e deve utilizar um grupo de mil soropositivos.

Matéria publicada no Jornal do Commercio – PE em 14/02/2008

Pólo de fármacos puxará Mata Norte Goiana será contemplada por fábricas da Hemobrás, do Lafepe e da Novartis

LAMIR VERÇOZA

Dois mil e oito nasce consolidando a Zona da Mata Norte de Pernambuco na rota dos grandes complexos de desenvolvimento macroeconômico do Estado. Assim como o boom das indústrias e do setor petroquímico em Suape, no Litoral Sul, no lado oposto da bússola, o município de Goiana, a 63 quilômetros do Recife, deslancha como o centro de alta complexidade tecnológica com seu Pólo Farmacoquímico. O terreno de 345 hectares receberá R$ 1 bilhão em investimentos, com a implantação da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), da fábrica da Novartis e de uma unidade do Lafepe Química.

Os empreendimentos devem impactar, radicalmente, a produção famacológica brasileira, além de estimular a formação de mão-de-obra especializada e trazer benefícios sociais à cidade, com a geração de mil empregos diretos. Dos três projetos, Goiana já vê brotar a planta da Hemobrás, orçada em R$ 162 milhões. A licitação para a terraplenagem dos 25 hectares de área está aberta e, em breve, as obras começam. O início da operação está previsto para 2010, mas a direção da estatal espera abrir concurso público ainda este mês.
“Dos 400 profissionais necessários, pelo menos 50 serão contratados de imediato. Metade será enviada à França, para capacitação no LFB (Laboratório de Fracionamento e Biotecnologia), estatal daquele país que vai transferir o segredo industrial para produção dos hemoderivados fator 8, fator 9, albumina e imunoglobulina”, disse o presidente da Hemobrás, João Paulo Baccara.

As vagas serão para cargos administrativos, laboratoristas, bioquímicos, engenheiros industriais, biólogos e farmacêuticos. No começo deste ano, a empresa pretende começar a produção em escala da cola de fibrina para atender o Sistema Único de Saúde (SUS).
Em quatro anos, também é de Pernambuco que escoará a vacina de combate à meningite, fabricada pela Novartis. A construção da planta da multinacional acontece em 2009, sendo concluída no ano seguinte, consumindo US$ 500 milhões. A expectativa é empregar 500 pessoas, com 90% da produção destinada ao mercado externo.

Ainda sem cronograma definido, o Lafepe erguerá uma sede em Goiana para cem trabalhadores, os quais irão fabricar princípios ativos para confecção de medicamentos, sendo cinco anti-retrovirais – medicamentos utilizados no tratamento dos portadores do vírus HIV. As prospecções para transferência tecnológica giram em torno de uma empresa canadense.

Matéria publicada no dia 02 de janeiro de 2008 na Folha de Pernambuco

Multinacional quer fechar parceria com o Lafepe

A multinacional BioCen, representada pelos diretores executivos Guilherme Ramos e o cubano Daniel Ortega, estiveram hoje (06), pela manhã, reunidos com o diretor técnico industrial do Lafepe, Dr. Davi Santana juntamente com o superintendente técnico Leduar Guedes e o coordenador de produção Marco Aurélio.

O motivo da visita foi a possibilidade de uma parceria do laboratório pernambucano com a multinacional. “Eles chegaram até nós devido a consolidação do nosso nome não apenas em Pernambuco, mas em todo o País. Não é novidade que o Lafepe, hoje, é referência nacional na fabricação de medicamentos”, disse Davi Santana.

Ainda de acordo com o diretor técnico industrial, uma grande parceria pode surgir em pouco tempo. “Este tipo de parceria é de interesse nosso e do Governo do Estado. Vamos estudar tudo com muita calma. Mas o que posso adiantar é que, caso se concretize, será muito bom não só para nosso estado, mas para todo o Brasil”, adiantou.

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